ONU diz que centenas de agentes humanitários estão sob risco na Ucrânia
Nesta terça-feira, o Conselho de Segurança acompanhou um informe sobre a situação humanitária na Ucrânia.
A secretária-geral assistente para os Assuntos Humanitários, Joyce Msuya, disse que 890 mil pessoas já foram assistidas pela ONU, a maioria no leste.
Riscos
Para ela, o trabalho “segue contra o relógio” para chegar a mais pessoas de forma imparcial e incansável. Mas uma das maiores tarefas é negociar a passagem humanitária.
Até o momento pelo menos 1.119 civis teriam morrido incluindo 99 crianças, um número que pode estar subestimado.
Msuya disse que mais de 1.230 funcionários humanitários da ONU na Ucrânia enfrentam riscos.
Segundo ela, muitas estradas foram interrompidas e comboios humanitários são frequentemente impedidos de passar devido a bombardeios, confrontos e minas terrestres.
Resposta
Um comitê de agências conseguiu promessas de US$ 506 milhões do US$ 1,1 bilhão necessário para apoiar a resposta.
Msuya disse que os civis estão ficando sem comida, energia e esperança. O apelo é pelo fim do conflito. E que as obrigações com a lei humanitária internacional sejam respeitadas.
A vice-chefe humanitária pediu segurança e acesso livre do auxílio para os civis em casa ou em movimento na Ucrânia.
Ela afirmou que é preciso ter “acordos detalhados e realistas sobre cessar-fogo e pausas humanitárias”, para permitir a entrada de ajuda e a saída de pessoas. Segundo Msuya, o ambiente atual é “oportuno para predadores e traficantes de seres humanos”.
Preços
As organizações humanitárias estão preocupadas com riscos como violência sexual, exploração e abuso na Ucrânia e arredores. Crianças fugindo da guerra estão em maior perigo de tráfico humano e exploração.
A secretária-geral assistente falou de “predadores atraindo pais solteiros nas estradas, com promessas de transporte e alojamento”. As agências aumentaram os serviços de proteção nas fronteiras, e no interior do país para oferecer opções seguras e rotas, acesso a linhas de ajuda e abrigos.
Msuya destacou que os impactos globais da guerra em território ucraniano agravam as grandes crises humanitárias como no Afeganistão, Iêmen e Chifre da África, onde vários países já enfrentam insegurança alimentar e fragilidade econômica.
A previsão é que aumentos nos preços de alimentos, combustíveis e fertilizantes sejam observados de forma drástica de agora em diante devido ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
Filas
Já o chefe da Programa Mundial de Alimentos, PMA, contou que crises como combustível e comida já tinham causado cortes de ajuda no Iêmen, no Niger, no Mali e no Chade. Mas para ele, na Ucrânia, o impacto global será maior porque o país passa de celeiro do mundo à escassez.
David Beasley disse que “nunca se imaginava que algo assim fosse possível”. Para ele, a crise não está apenas dizimando a Ucrânia na região, mas terá um impacto no contexto global maior desde a 2ª. Guerra Mundial.
Dentro da Ucrânia, estima-se que 1 milhão de pessoas tiveram acesso a alimentos e gradualmente a expectativa é chegar a 6 milhões.
Nos próximos dois meses, os custos da insegurança alimentar na Ucrânia chegarão a US$ 500 milhões somente no interior do país e o déficit já é de US$ 300 milhões.
// ONU News