O líder das Nações Unidas falou a chefes de governo dos países-membros da Comunidade do Caribe, Caricom, neste domingo, no Suriname. Segundo ele, o Caribe é o “marco zero” da emergência global do clima.
Com o evento, António Guterres encerrou dois dias de visita ao país sul-americano, coberto em 93% de seu território por florestas, e segundo o secretário-geral, um dos mais verdes do mundo.
Produção de madeira e mineração para incentivar economia
Logo de manhã, ele sobrevoou a Reserva Natural Central do Suriname, que é Patrimônio Mundial da Unesco. Guterres descreveu a beleza do local e as ameaças que a floresta amazônica experimenta com a mudança climática e atividades extrativistas.
A reserva é uma área imensa que cobre 11% do território do Suriname com uma série de montanhas e enorme quantidade de biodiversidade, e muito ainda a ser descoberto.
O local é atravessado pelo rio Coppename que flui ao lado de outros rios como Lucie, Saramacca e Suriname. Mas o local também está sob risco com ações de empresas de mineração e madeira, ambas para incentivar a economia surinamesa.
Mesmo estando localizado na América do Sul, o Suriname é considerado uma nação caribenha por causa da sua história, cultura e os desafios semelhantes aos de pequenos Estados insulares.
Diversidade, liderança e ecossistemas
Ao falar aos líderes da Caricom, Guterres ressaltou a diversidade e a liderança da região em ação climática. Ele também citou a pandemia e os desafios financeiros globais.
No sábado, o chefe das Nações Unidas visitou um projeto de conservação de ecossistemas de manguezais, afetados pela subida do nível do mar e pela erosão costeira.
Guterres afirma, que este ano, o encontro de cúpula da Caricom ocorre num momento de perigo máximo para as pessoas e o planeta.
A pandemia causou um efeito arrasador sobre o sistema de saúde e de turismo, assim como crescimento econômico e de investimentos estrangeiros, que agora estão agravados por causa da guerra na Ucrânia.
G20 produz 80% das emissões globais de dióxido de carbono
O secretário-geral propôs aos líderes da Caricom soluções ousadas para combater esses desafios incluindo combinar a ação climática à escala da urgência da crise.
Para ele, os países caribenhos estão mostrando o caminho a seguir para reduzir o aquecimento global a 1.5C. O chefe da ONU citou o empenho de comunidades indígenas nessas ações.
Guterres diz que primeiro: é preciso mais ambição na ação climática por todas as partes e especialmente do G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo que inclui o Brasil. Juntos, eles produzem 80% das emissões de dióxido de carbono.
Ele afirmou que a guerra na Ucrânia não pode servir de razão para que o mundo desvie a atenção da marca de 1.5C. Com os compromissos atuais, as emissões ainda devem subir 14% até 2030.
Bancarrota moral do sistema financeiro
Guterres está convencido de que os países mais ricos têm que liderar a revolução de energia renovável, e cumprir a promessa de entregar os US$ 100 bilhões por ano para mitigação.
Em segundo lugar: ele citou uma reforma da bancarrota moral do sistema financeiro global que precisa de uma recuperação. Para o secretário-geral é preciso haver um alívio imediato da dívida externa dos países em desenvolvimento.
Segundo ele, as métricas antigas não funcionaram e é hora de desafiá-las criando um “índice multidimensional de vulnerabilidade” que determine o acesso a apoio financeiro.
Em terceiro lugar, ele pede que o combate contra a pandemia continue.
Guterres acredita que os governos, organizações e empresas farmacêuticas devem cooperar para produzir testes, tratamentos e vacinas em seus países.
Ele encerrou o discurso reforçando o apelo da ONU aos países caribenhos em todas essas ações.
// ONU News