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Menino morto em Vila Velha: delegado irá pedir exame médico do pai nesta quinta-feira

 

O delegado Alan Moreno, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, que investiga a morte do menino Jorge Teixeira da Silva, de 2 anos, ocorrida em 5 de julho no Hospital Infantil de Vila Velha, irá pedir exames médicos do pai da criança, o porteiro Maycon Milagre da Cruz, de 35 anos.

Ele é apontado, juntamente com a mãe, Jeorgia Karolina Teixeira da Silva, de 31 anos, como suspeitos de estupro de vulnerável, com resultado de morte e tortura. Ambos estão presos: ele no Centro de Detenção Provisória de Viana 2 e ela no Centro Prisional Feminino de Cariacica.

A solicitação é necessária para comparar o material do pai com os sinais de sangue e de sêmen, encontrados na roupa de Jorge, por uma perícia feita pela Polícia Civil, cujos resultados foram revelados em coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira (13). Parentes e familiares do garoto já realizaram os exames.

“O pai, possivelmente, será trazido amanhã (quinta-feira) para  fazer o exame caso ele opte por fazer. É um direito dele se negar a fazer. Caso isso ocorra, iremos procurar as vias judiciais”, explicou.

Ele também anunciou que esta semana o inquérito deve ser concluído e entregar a Justiça. Ele ainda não sabe por quais crimes os pais serão indiciados. “É um inquérito extenso e demanda uma análise pormenorizada e muito cautelosa. Não podemos simplesmente acusar as pessoas sem ter o mínimo de provas”, ressaltou.

Foram mais de 15 pessoas ouvidas, incluindo os médicos que atenderam a criança e um líder religioso. Segundo Moreno, ele negou a possibilidade dos pais terem realizado um ritual. “Ele descartou qualquer tipo de ritual ou algo nesse sentido”, enfatizou.

O casal Maycon e Jeorgia tem um outro filho, de oito meses. O menino está internado. O delegado informou que não foram encontrados sinais de violência no bebê.

O que diz a defesa da mãe

À reportagem da TV Vitória/Record TV, a defesa de Jeorgia enviou uma nota onde afirma que ainda não teve acesso ao resultado da perícia em que foi constatado a presença de sêmen.

“Afirma ainda que a Jeorgia desconhece completamente a versão a ser apresentada pelo pai, não descartando que pode ser tratar de versão de conflitante, razão pela qual reitera não ter qualquer participação em qualquer ato de violência contra a criança”, diz o documento.

Já o pai foi acompanhado por um defensor público na audiência de custódia, um dia após a prisão. Ainda não há informação se ele já constituiu defesa.

A defesa ainda relatou que aguarda o atendimento dos pedidos que foram encaminhados ao delegado, em especial a extração de dados dos aparelhos celulares e conversas de WhatsApp, e aguardará a conclusão das investigações para decidir quais serão os próximos passos, mas que por ora está descartado qualquer pedido de liberdade em favor da Jeorgia.

Relembre o caso

Jorge Teixeira da Silva Neto, de 2 anos e 8 meses, foi internado no Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), mas acabou morrendo.

Os pais do menino Jorge Teixeira da Silva Neto, de 2 anos e 8 meses, foram presos e autuados pelos crimes de estupro de vulnerável com resultado morte e tortura.

Segundo as primeiras informações da Polícia Civil, a criança apresentava sinais de violência física e sexual, que foram detectados pelos profissionais de saúde do hospital.

Em coletiva de imprensa no dia 06 de julho, o delegado adjunto da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa, Alan Moreno de Andrade, informou que os pais da vítima, Maycom Milagre da Cruz, de 35 anos, e Jeorgia Karolina Teixeira da Silva, de 31 anos, passaram 12 horas depondo.

Diálogo em aplicativo de mensagens

Durante o depoimento, um diálogo foi encontrado pela polícia em um aplicativo de mensagens. Nele, o pai teria comentado com a esposa sobre o boletim de ocorrência registrado enquanto Jorge ainda estava hospitalizado:

“Sobre o boletim que você fez, precisamos sentar e conversar, pois podemos ter deixado algo passar despercebido”, comentou o pai.

O documento foi registrado após o momento em que uma médica do Himaba informou à mãe que a criança poderia ter sido estuprada. Outro aspecto que chamou atenção, durante o depoimento, foi a falta de consternação dos pais.

“Desde quando chegaram à delegacia, e ficaram lá das 16h até 5h da manhã, não demonstraram tristeza com a morte do filho, nem emoção. No máximo, um leve choro. Não se olhavam e não conversavam entre si. Negam veementemente que praticaram as lesões e afirmam que, no domingo à noite, a criança dormiu com um pequeno machucado na virilha e que no outro dia acordou daquele jeito”, disse o delegado.

Segundo a autoridade policial, na casa da família foram recolhidos vários objetos religiosos, “que não são de praxe das pessoas”. Questionado, o pai negou a presença de objetos assim na casa, mesmo tendo sido encontrados pela perícia.

Peritos estiveram na casa por duas horas

Peritos da Polícia Civil foram até a casa dos pais do menino Jorge Teixeira da Silva Neto na tarde de 06 de julho e recolheram diversos objetos que poderão ser úteis às investigações.

Sobre a perícia, os policiais ficaram na residência por quase duas horas. Saíram com sacolas e objetos pessoais do casal, além de terem recolhido fraldas e papel higiênico contendo muito sangue.

Os suspeitos foram levados para o Centro de Triagem de Viana. A prisão foi decretada depois que médicos do Himaba identificarem que o menino estava com marcas de queimaduras de guimba de cigarros pelo corpo e com suspeita de introdução de objeto contundente no ânus, o que lhe causou infecção.

O que diz o médico legista

Em entrevista coletiva, o médico legista Josias Rodrigues Westphal também comentou o caso.

“O corpo foi encaminhado ao DML devido à suspeitas de maus-tratos. Já no exame físico externo, encontramos muitas lesões sugestivas. Algumas por queimadura, algumas equimoses também, possivelmente por trauma de pancada; abrindo as cavidades, outras lesões foram vistas, além do ânus dilacerado. A laceração foi no ânus, no reto e no canal anal, por aplicação de objeto dentro do ânus, que pode até ter sido um pênis, além de objeto. Saberemos com o exame, que deve ficar pronto em 15 dias. Caso haja espermatozóide, confirmaria o pênis. Existiam fezes na cavidade abdominal, o que gerou infecção”, disse o especialista.

 

// Folha Vitória