A gastroplastia endoscópica, um procedimento não cirúrgico e menos invasivo do que a cirurgia bariátrica, permite diminuir o volume do estômago a partir de suturas internas, realizadas via endoscopia.
Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aponta que a técnica apresenta eficácia de 87,5% para a perda de peso sustentada. O procedimento é indicado para pacientes com obesidade leve a moderada, com índice de massa corporal (IMC) maior que 30kg/m².
Os pesquisadores da UFMG acompanharam 189 pacientes submetidos à gastroplastia endoscópica no intervalo de 12 a 48 meses após o procedimento, com o objetivo de verificar a eficácia e a segurança da intervenção e a durabilidade dos efeitos na prática.
A pesquisa foi desenvolvida durante o doutorado do cirurgião geral e endoscopista Bruno Sander, no Programa de Pós-graduação em Ciências Aplicadas à Cirurgia e à Oftalmologia da UFMG.
“Se comparada à cirurgia bariátrica, método mais comumente utilizado para perda de peso, a gastroplastia tem a vantagem de não trazer deficiências para a absorção de nutrientes”, destaca Sander, em comunicado.
Os pacientes submetidos à técnica recebem alta no mesmo dia e podem retomar suas atividades cotidianas em menos de uma semana.
Os participantes do estudo registraram perda de peso sustentada, mantida ao longo dos quatro anos analisados, superior a 20% do peso corporal inicial. De acordo com Sander, os demais procedimentos endoscópicos disponíveis no Brasil, como o balão intragástrico, geralmente decorrem em ganho de peso após 12 meses.
Risco menor de complicações
Os pacientes também foram submetidos a endoscopias de controle para verificar a permanência das suturas no estômago. Os resultados mostraram que a manutenção das suturas está diretamente relacionada ao acompanhamento nutricional, que favorece uma alimentação balanceada e evita o excesso de pressão dentro do estômago.
O médico afirma que as complicações associadas à gastroplastia são mínimas. “Como em todo procedimento realizado sob anestesia geral, existem riscos anestésicos e do procedimento em si. Porém, os riscos são muito baixos, e não foi relatada nenhuma complicação entre os 189 pacientes analisados”, diz.
De acordo com o especialista, os pacientes devem ser acompanhados por uma equipe multidisciplinar, incluindo nutricionistas e psicólogos, que indicam mudanças nos hábitos alimentares e na rotina de atividade física.
Para Sander, a gastroplastia endoscópica deveria ser incorporada aos procedimentos credenciados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Seria um grande benefício à população em geral, já que as pessoas teriam acesso a um tratamento pouco invasivo, com grande percentual de sucesso e alto índice de segurança no controle do peso”, conclui.
// ONU News