Entramos no Novembro Azul, mês que busca a conscientização da saúde do homem e, em especial, sobre a necessidade de exames para o diagnóstico precoce do câncer de próstata. Assim como no Outubro Rosa, os exames para a detecção dos tumores da mama e próstata são tecnicamente chamados de prevenção “secundária”.
Isso porque eles não previnem o aparecimento do tumor, mas sua detecção ainda precoce melhora em muito as chances de controle e sobrevida livre da doença.
Quais são os exames mais utilizados na prevenção do câncer?
Para essa prevenção secundária do tumor de próstata, alguns exames são rotineiramente utilizados, como a dosagem do PSA (do inglês: Prostate Specific Antigen) e, menos frequentemente, o exame de ultrassom.
No entanto, o teste mais relevante é o teste do toque retal, em que o médico pode detectar doenças da próstata, em especial, o seu aumento e a presença de alterações sugestivas de tumor.
Após a descoberta do tumor, quando há indicação, um dos tratamentos mais usados nesses casos de câncer de próstata é a cirurgia minimamente invasiva – também conhecida como cirurgia robótica. Este importante avanço da ciência moderna se tornou o método de escolha para a remoção da próstata (prostatectomia radical), nos casos de tratamento cirúrgico desse tumor.
Como regra geral, as cirurgias estão ficando cada vez menos invasivas para a grande maioria dos tratamentos. Hoje, a substituição de uma válvula do coração já pode ser feita sem abrir o peito do paciente.
Tudo acontece por meio da introdução de um pequeno tubo (cateter) na artéria, na região da virilha ou no braço. Esse cateter é guiado por imagem e chega ao coração, para a implantação de uma nova válvula. Para as cirurgias da região abdominal, a laparoscopia (cirurgia realizada por pequenos orifícios na barriga) vem substituindo, cada vez mais, a laparotomia (cirurgia onde um grande corte é feito na região a ser operada).
Para a remoção dos tumores da próstata, a laparoscopia era, até recentemente, a técnica de escolha, em detrimento à laparotomia. Mas nos últimos anos, a cirurgia robótica ganhou enorme aceitação, em especial para a prostatectomia.
O que é e como foi o desenvolvimento da cirurgia robótica?
O desenvolvimento da cirurgia robótica foi muito estimulado após os avanços da internet, a principal motivação foi a necessidade de procedimentos a distância, onde o acesso do médico ao paciente é feito remotamente.
Como em um videogame, um cirurgião utiliza joysticks em um console e, a distância, os braços do robô realizam os movimentos comandados pelo cirurgião. Hoje, a ligação entre o console e o robô ainda é feita por cabos, em função da velocidade e instabilidade da internet, que poderia colocar o procedimento em risco. Com o advento da internet 5G, talvez já seja possível alguns procedimentos (de menor complexidade e menor duração) com console e robô conectados por WiFi.
Essa estratégia de conexão remota já foi utilizada uma vez no Brasil. Em 2000, o Dr Anuar Mitre, cirurgião urológico do Hospital Sírio-Libanês, realizou uma cirurgia para o tratamento da varicocele (varizes nas veias do testículo), com parte do procedimento sendo realizado de forma remota, o que demonstrou a viabilidade da telecirurgia.
Em São Paulo, o Dr. Anuar e o paciente no Hospital Sírio-Libanês acompanhavam a cirurgia realizada pelo Dr. Louis Kavoussi, em Baltimore, nos Estados Unidos. De forma remota, e conectados pela Internet, Dr. Kavoussi ligava e regulava os equipamentos, e Dr. Anuar seguia o procedimento em São Paulo.
Mas quais as vantagens e os avanços proporcionados pela cirurgia robótica?
Essas são perguntas importantes que precisam ser respondidas para que essa tecnologia se consolide como prática rotineira. Hoje, os robôs disponíveis possuem mecanismos que melhoram etapas da cirurgia, como controle de movimentos e ângulos de corte – as “mãos” do robô não possuem as limitações de movimento que a mão humana possui.
Com isso, existe um ganho na precisão dos movimentos. E, em determinadas situações, a possibilidade da telecirurgia pode ser uma vantagem. Imagine um astronauta na Estação Espacial, ou mesmo nas viagens mais longas, que estão programadas, como Marte, por exemplo. A possibilidade da colaboração entre cirurgiões para o tratamento de casos complexos é uma grande aposta.
Hoje, a cirurgia robótica é bastante utilizada para a remoção da próstata e mais alguns poucos procedimentos. Mas, claramente, não traz vantagens para outros procedimentos. Ainda há muito o que se estudar e evoluir para que a cirurgia robótica seja mais amplamente utilizada. Em especial, que o aumento dos custos decorrentes do uso da robótica se justifique e se traduza em benefícios para o paciente.
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