Este 7 de junho é o Dia Mundial da Segurança Alimentar. Sob o lema “Normas Alimentares Salvam Vidas”, a data destaca o papel das práticas e padrões de segurança que diminuem riscos de contaminação alimentar.
Segundo as Nações Unidas, todos os anos ocorrem pelo menos 600 mil casos de doenças causadas por alimentos manejados sem o mínimo de segurança. As pessoas mais carentes e vulneráveis costumam ser as mais afetadas incluindo mulheres e crianças.
420 mil mortes por ano
Em todo mundo, 420 mil pessoas perdem a vida, anualmente, após comerem alimentos contaminados. E 125 mil óbitos são de crianças menores de cinco anos.
No Brasil, uma Organização Não-Governamental distribui 1 mil refeições, por dia, enquanto mantém o padrão de segurança no projeto Cozinha Solidária.
A ONU News conversou com o diretor-executivo da Ação da Cidadania, Rodrigo “Kiko” Afonso, do Rio de Janeiro. Ele explicou como a cozinha “tem seguido à risca todos os padrões de vigilância sanitária”.
“A entrada do alimento é organizada e coordenada, separada por tipo de alimento, os prazos de validade são controlados, todas as pessoas usam as Epis (equipamentos de proteção individual) necessárias dentro do espaço para não haver contaminação do alimento.”
De acordo com Afonso, “todos os passos são seguidos como se fosse uma cozinha profissional de fato, de qualquer grande restaurante”.
Controle de ponta a ponta
Em 2021, a ONG brasileira Ação da Cidadania Contra a Fome inaugurou a Cozinha Solidária, que oferece refeições diárias prontas para consumo para quem não tem condições de adquirir ou preparar o próprio alimento.
Funcionando na sede nacional da organização, no Rio de Janeiro, a iniciativa já distribuiu mais de 400 mil refeições desde que abriu as portas. Além da comida, o kit inclui água, fruta e talheres.
A nutricionista da Cozinha Solidária da Ação da Cidadania, Evelin Rocha, explica o passo a passo do controle de qualidade para garantir que as refeições sejam seguras.
“A gente faz toda uma pesquisa para saber se esse fornecedor está apto a nos fornecer esses insumos. Na recepção, diretamente na cozinha, acompanhar a temperatura, acompanhar como esses insumos chegam dentro dos caminhões, como é feito o pré-preparo, toda a parte de higienização, corte, tudo que diz respeito de fato ao controle higiênico sanitário até que esse alimento chegue nas mãos da população que vai realizar o consumo dessa refeição”.
Falta de reconhecimento e apoio
O coordenador executivo da ONG brasileira afirma que “as cozinhas solidárias são a base da alimentação de milhões de pessoas no Brasil.”
De acordo com ele, a produção diária de comida otimiza o aproveitamento de itens que foram produzidos em excesso ou que não foram comercializados, mas ainda estão dentro da validade.
“O grande desafio desse processo todo é um olhar do poder público no sentido do reconhecimento do trabalho dessas cozinhas solidárias na segurança alimentar da população brasileira. E formas de apoio para essas cozinhas, para que elas possam se regularizar, para que elas possam acessar recursos não só públicos, mas privados para poderem executar seus trabalhos de uma forma mais garantida.”
A Ação da Cidadania Contra a Fome foi fundada há 30 anos pelo sociólogo Herbert de Souza, também conhecido como “Betinho”, que morreu em 1997.
//ONU News