Gaza contabiliza mais de 3 mil crianças mortas e mil desaparecidas sob os escombros; em Israel, familiares dos 230 reféns sequestrados, incluindo crianças, vivem em constante agonia; ONU pede libertação incondicional dos reféns israelenses e cessar-fogo para levar segurança aos menores que vivem em Gaza.
Gaza se tornou um “cemitério” para crianças e um local onde mais de um milhão delas enfrentam escassez de bens essenciais e traumas profundos que serão carregados por toda a vida.
A afirmação é do chefe de ajuda humanitária da ONU, Martin Griffiths, que está visitando Israel e o Território Palestino Ocupado e conversou com famílias em Gaza por telefone de Jerusalém Oriental na terça-feira.
Agonia das famílias dos reféns
Ele disse que o que eles suportaram desde o início da retaliação de Israel pelos ataques mortais do Hamas em 7 de outubro é “além de arrasador”.
Na segunda-feira, Griffiths reuniu-se em Jerusalém com familiares de alguns dos mais de 230 reféns sequestrados pelo Hamas e mantidos em Gaza desde 7 de outubro. Cerca de 30 deles supostamente são crianças.
O chefe de ajuda humanitária da ONU disse que nas últimas semanas estas famílias “têm vivido em agonia, sem saber se os seus entes queridos estão vivos ou mortos”, e que ele não conseguia nem “começar a imaginar” o que estão sentindo.
A ONU apela repetidamente à libertação imediata e incondicional dos reféns.
Crianças desaparecidas sob escombros
O porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, James Elder, disse que mais de 3450 crianças foram mortas em Gaza, citando dados do Ministério da Saúde administrado pelo Hamas.
Outras mil crianças foram dadas como desaparecidas e podem estar presas ou mortas sob os escombros, aguardando resgate.
Falando a jornalistas em Genebra nesta terça-feira, Elder afirmou que “as ameaças vão além das bombas e dos morteiros”. As mortes infantis devido à desidratação são “uma ameaça crescente” no enclave, uma vez que a produção de água de Gaza é de 5% do volume necessário devido a danos na infraestrutura e falta de combustível.
O porta voz do Unicef reiterou os apelos, “em nome de mais de um milhão de crianças em Gaza que vivem este pesadelo”, a um cessar-fogo humanitário imediato e à abertura de todos os pontos de acesso para a entrada sustentada de ajuda humanitária.
“Se tivéssemos um cessar-fogo de 72 horas, isso significaria que mil crianças estariam seguras novamente durante este período”, disse ele.
Ajuda disponível atende apenas uma fração da necessidade
O porta-voz do Escritório de Assuntos Humanitários da ONU, Ocha, Jens Laerke, disse que é “quase insuportável pensar em crianças enterradas sob os escombros, com poucas possibilidades de retirá-las”.
Ele afirmou que na segunda-feira um total de 26 caminhões transportando suprimentos humanitários entraram em Gaza através da passagem de Rafah com o Egito.
Isso eleva para 143 o número total de caminhões autorizados a fazer a travessia desde 21 de outubro.
O representante do Ocha ressaltou que, embora o aumento do volume de ajuda que entra em Gaza nos últimos dois dias seja bem-vindo, “os montantes atuais são uma fração do que é necessário para evitar uma maior deterioração da já terrível situação humanitária, incluindo a agitação civil”.
Unidades de saúde sob ataque
A Organização Mundial da Saúde, OMS, documentou 82 casos de ataques que afetaram unidades de saúde em Gaza até agora.
A porta-voz do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, Liz Throssell, reiterou na terça-feira que os hospitais são edifícios protegidos pelo Direito Humanitário Internacional.
Ela disse que, se comprovado, o uso de escudos humanos em hospitais equivaleria a um crime de guerra.
No entanto, a especialista afirmou que “independentemente das ações de um lado, por exemplo, utilizando hospitais para fins militares, o outro lado deve cumprir as regras humanitárias internacionais”, que estendem proteção especial às unidades médicas em todos os momentos.
Fonte: ONU