Conheça 3 ações afirmativas usadas por empresas para aumentar diversidade, equidade e inclusão
Devido a estereótipos definidos culturalmente ao longo da história e de restrições de acesso à educação e oportunidades de trabalho formal, algumas profissões possuem muito mais homens e pessoas brancas atuando, por exemplo, do que mulheres e pessoas negras, gerando desigualdades.
Para as empresas, a falta de diversidade entre profissionais em um determinado campo de conhecimento é um problema, pois reduz a quantidade de talentos disponíveis. De acordo com especialistas, ter um time de perfil homogêneo limita a variedade de perspectivas e abordagens para resolver problemas. Como consequência, a falta de diversidade faz as empresas perderem oportunidades e ideias que geram inovação e novas fontes de receita.
Para aumentar a diversidade entre seus profissionais e participar da redução de desigualdades no país, empresas podem implementar ações afirmativas. Veja a seguir alguns exemplos:
Assumir compromissos públicos
Participar de alianças lideradas por organizações multilaterais e instituições do terceiro setor pode ser uma estratégia interessante para conhecer boas práticas, trocar experiências com outras empresas e assumir compromissos públicos, monitorados por essas alianças para aumentar o número de funcionários de diferentes grupos sub-representados.
Um exemplo é o Movimento Raça é Prioridade, iniciativa do Pacto Global da ONU Brasil em parceria com o Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), cuja ambição é conseguir que 1.500 empresas se comprometam a ter entre as suas posições de liderança ao menos 50% de pessoas negras, indígenas, quilombolas ou pertencentes a outro grupo étnico socialmente vulnerável até 2030.
No Brasil, 53 empresas aderiram ao Movimento até hoje, como Schneider Electric, Unilever, Neoenergia, iFood e Vivo. Agências de publicidade e casas de investimentos também estão entre as signatárias do compromisso público, com metas concretas e indicadores específicos a seguir.
Ao fazer parte, as empresas têm acesso a ferramentas e especialistas para desenvolver as metas, e tem suas práticas e resultados monitorados por meio de um formulário anual autodeclaratório.
Para cumprir com o acordo de aumentar o número de pessoas negras na liderança, gestores de RH reconhecem a necessidade de atuar nos demais cargos hierárquicos.
“Temos plena consciência da importância de promover a equidade racial em todos os níveis e criar um ambiente em que todas as pessoas tenham oportunidades iguais para inovar e se desenvolver”, diz afirma Samira Auada, gerente de atração de talentos da Schneider no Brasil, multinacional de gerenciamento de energia que aderiu à meta de que 50% das posições de liderança na companhia sejam ocupadas por pessoas negras até 2030.
Abrir vagas técnicas afirmativas
Historicamente as mulheres foram dissuadidas de escolher profissões dominadas por homens, por exemplo, em campos como ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM, na sigla em inglês). O problema ocorre tanto em posições de liderança e de pesquisa e desenvolvimento, quanto nas áreas técnicas destes campos, como manutenção da rede de telecomunicações e elétrica.
Para aumentar o número de funcionárias mulheres em áreas técnicas, a Vivo, empresa do Grupo Telefônica, lançou em 2019 o programa Mulheres em Áreas Técnicas, que em 2023 passou a ser chamado Mulheres de Fibra. O foco do programa é atrair candidatas para vagas de empregos em funções de reparo e instalação na casa dos clientes.
Para se candidatar não é preciso ter experiência. O requisito é ter ensino médio completo. No cargo de instaladora é preciso ter Carteira Nacional de Habilitação (CNH) categoria B, sendo a mais comum e permite a condução de carros. Para as aprovadas, a Vivo oferece treinamento gratuitamente, com mais de 100 horas de capacitação. Hoje são mais de 400 profissionais atuando como técnicas de campo na Vivo.
“Ao todo, a Vivo abriu cerca de 2.700 vagas afirmativas em 2023 porque a diversidade é primordial na nossa cultura corporativa. Além disso, temos programas de desenvolvimento, iniciativas de acessibilidade e um ambiente acolhedor para que as pessoas se sintam à vontade em serem elas mesmas”, disse Fernando Luciano, diretor de gestão e planejamento de RH da Vivo.
Desde 2018, a empresa possui um programa de diversidade, pautado nos pilares de Gênero, LGBTI+, Raça e Pessoas com Deficiência, tendo a diversidade geracional como um tema transversal.
Ter vagas afirmativas em cargos de entrada
Programas de jovem aprendiz, estágio e trainee são formas muito utilizadas por empresas para atrair e desenvolver novos talentos. As posições de trainee costumam buscar recém-graduados para que as empresas os treinem para assumir papéis de liderança. As posições de estágio são destinadas a estudantes universitários, e as de jovem aprendiz a estudantes do ensino médio para adquirirem experiência prática em um ambiente de trabalho real relacionado à sua área de estudo ou interesse.
Como são vagas de entrada no mercado de trabalho, elas podem ser oportunidades para empresas identificarem talentos em grupos minorizados para contratar, desenvolver e reter a longo prazo. Dessa forma, é possível aumentar a diversidade em outros níveis de senioridade dos cargos.
A farmacêutica Sanofi, por exemplo, está conduzindo um programa de estágio afirmativo com oportunidades exclusivas para estudantes universitários pretos e pardos, com bolsas de R$ 2.110 e R$ 2.814, mais benefícios como auxílio-transporte, vale-refeição, plano de saúde, seguro de vida, plano odontológico, descontos em remédios, terapia, plano de academias e atividades físicas, cursos de idiomas e acesso à plataforma de cursos.
“Tenho a oportunidade de entender de forma direta o impacto de um farmacêutico dentro do ambiente industrial, focado em melhorias de processo, na implementação de novos fluxos e na qualidade da entrega e produção de medicamentos”, diz Vinícius Bruno, estudante de Farmácia e estagiário de Operações Industriais da Sanofi desde 2022, quando a empresa lançou a primeira edição do estágio afirmativo.
//CNN Brasil