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Brasil adota olhar multidimensional no combate à pobreza, diz ministro

Para combater a fome, o Brasil possui atualmente cerca de 80 programas, envolvendo 24 ministérios e investimentos que chegaram a US$ 70 bilhões em 2023. As informações foram compartilhadas pelo Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Pobreza.

Durante sua passagem pelo Fórum de Alto Nível da ONU de 2024, Wellington Dias conversou com a ONU News e destacou resultados que o país tem alcançado na luta contra a insegurança alimentar.

Resultados no Brasil

“Em 2022, chegamos a 15,5% da população em insegurança alimentar e nutricional grave, que já é um risco de morte. E perdemos muitas pessoas em razão de fome. Então, tinham crianças, e eu acho que o Brasil e o mundo inteiro se chocaram ao ver aquelas imagens dos indígenas, os ianomâmis lá no Amazonas, o couro e o osso. Então aquela é uma realidade do Brasil e do mundo. É com isso que a gente tem que se indignar e tem que colocar ali todo o compromisso. Então, em 2023, o Brasil teve bons resultados e eu acho que ao reduzir de 15,5% para 4,1% e tirar 24,4 milhões de pessoas da insegurança alimentar e nutricional, eu acho que a gente deu ali também um bom exemplo”.

O governo brasileiro está prestes a anunciar a criação de uma Aliança Global de Combate à Fome e à Pobreza. O anúncio está previsto para a reunião do G20 que acontecerá dia 24 de julho, no Rio de Janeiro.

Na mesma ocasião será lançado o relatório “Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo”, elaborado pela Organização da ONU para Alimentação e Agricultura, FAO, também conhecido como “Mapa da Fome”.

Cooperação internacional

O ministro afirmou estar animado com as adesões de outros países e citou diálogos com Bangladesh, China, países europeus, Liga dos Estados Árabes, bem como nações da América do Norte e Ásia.

Segundo ele, essa Aliança tem um papel fundamental para reforçar a luta contra a fome em países que tem uma situação de risco por conta do seu baixo desenvolvimento. Nesses territórios, “os empréstimos são com juros mais elevados, o que termina consumindo boa parte da sua capacidade de investimento”, disse Dias.

“Já se compreende que não vamos resolver com muro, não vamos resolver com armas e polícia. Ou seja, o mais pobre, o faminto, ele vai encontrar um jeito de furar a barreira, porque para ele é uma questão de vida ou morte. Se vai morrer de fome, ele vai atrás de uma alternativa. Então, a partir desse raciocínio, os países mais desenvolvidos têm que ter aqui uma compreensão que o objetivo a ser alcançado também é bom para ele e bom para as pessoas que já alcançaram um bem-estar social”.

Condições para sair da pobreza

O ministro declarou que no Brasil, programas de transferência de renda, como o “Bolsa Família”, são complementados por iniciativas para incentivar o emprego e o empreendedorismo. O objetivo é oferecer assistência para enfrentar a pobreza “em todas as suas dimensões”, mas também meios para a melhora das condições de renda e a redução da dependência do auxílio governamental.

“Aliás, esse olhar é fruto do debate de hoje aqui na ONU. É exatamente olhar a pobreza de forma multidimensional, com todos os aspectos. A pobreza é um olhar especial para a saúde. Aqui, desde a gestante, o bebê, a criança, o adolescente, o idoso. É cada um nas suas particularidades, a educação. Quem recebe benefícios ali tem obrigações também e a principal delas é cuidar da saúde e a educação, matriculado, estudando, se qualificando para com isso garantir condições de sair da pobreza”.

O representante brasileiro mencionou que em mais de 20 anos do “Bolsa Família”, cerca de 14 milhões de brasileiros pararam de depender da ajuda, pois alcançaram qualificação técnica, educação e emprego. O ministro adicionou que mesmo aqueles que estão empregados não necessariamente perdem o benefício, pois o cálculo é feito em cima da renda per capita de cada família.

Integração entre o social e o econômico

Segundo Dias o país possui um cadastro único social que abarca “as pessoas com as mais diferentes vulnerabilidades”, que inclui fome, mas também outros fatores como violência doméstica ou dificuldade de arcar com custos de medicamentos. Atualmente 95 milhões de pessoas estão na rede de proteção social brasileira.

O ministro afirmou que a renda dos 5% mais pobres cresceu 38,6% em 2023, reduzindo a fome e colocando a extrema pobreza “no mais baixo patamar da história do Brasil”. Segundo ele, esses dados reforçam que “o social tem que estar integrado com o econômico”.

Dias concluiu que está é a abordagem que o Brasil está tentando reforçar durante sua presidência do G20, o bloco das 20 maiores economias mundiais. 

//ONU News