Os valores gastos com saúde pública e privada no país registram aumento acima da inflação ano a ano, e a tendência é de que a escalada dos custos continue nas próximas décadas.
Os planos de saúde, por exemplo, já tiveram autorização da Agência Nacional de Saúde Suplementar, a ANS, para reajustarem suas mensalidades em 10%, em 2019, seis por cento a mais da expectativa do índice de inflação, que deve fechar 2018 em cerca de quatro por cento.
Um dos motivos que encarece os gastos com saúde privada é o modelo de gestão dos planos, com adoção de procedimentos médicos exagerados e de pedidos abusivos de exames, como explica o gerente Executivo de Saúde e Segurança da Indústria, do SESI, Emmanuel Lacerda.
“Utilizar o plano de saúde, financiar esse sistema não, necessariamente, está representando saúde. O sistema de saúde suplementar no Brasil, ele é um sistema pautado no pagamento por volume, por utilização. Quanto mais se utiliza, mais se paga, mais aumenta as mensalidades e essa conta é dividida por todos.”
Os planos de saúde coletivos, aqueles contratados e oferecidos por empresas aos trabalhadores, abrangem mais de 80% dos consumidores de saúde suplementar no país, de acordo com dados levantados pela Confederação Nacional da Indústria, CNI.
O diretor da Associação Nacional de Medicina do Trabalho, Gualter Maia, acredita que o investimento na prevenção de doenças é fundamental para diminuir os custos das empresas e dos trabalhadores com os planos de saúde.
Ele lembra que, os empregados devem ficar atentos aos maus hábitos, como tabagismo, sedentarismo, alimentação imprópria, e as empresas precisam incentivar seus funcionários com práticas saudáveis e de precaução para doenças.
“Isso tudo vai contribuir para que você possa promover a saúde desse trabalhador e, ao mesmo tempo, reduzir os custos relacionados aos custos médicos. Como o plano depende do uso das doenças que vão surgir, quanto menor o nível de doenças na população desses empregados, menor vão ser os custos também.”
Dados da Organização para a Cooperação de Desenvolvimento Econômico, levantados pela CNI, apontam que nos próximos 22 anos, ou seja, em 2040, a expectativa é de que os custos com saúde, pública e privada, aumentem para mais de 11 por cento do PIB brasileiro, ao ano.
De janeiro a maio, o Ministério da Saúde já contabiliza aumento de quase seis e meio por cento, apenas com despesas de saúde pública, de acordo com números divulgados pelo Tesouro Nacional.
Reportagem, Cristiano Carlos