A declaração do deputado federal eleito por São Paulo, Eduardo Bolsonaro, sobre eventual fechamento do Supremo Tribunal Federal ainda divide opiniões. A fala do filho de Jair Bolsonaro foi criticada por figuras importantes do cenário político nacional, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, além de membros do Judiciário, como a presidente do TSE, ministra Rosa Weber, e o presidente do STF, ministro Dias Toffoli.
O deputado do PSL, no entanto, não foi o primeiro a criticar a Suprema Corte. Após a prisão do presidente Lula, em abril deste ano, o deputado do PT Wadih Damous também sugeriu, em um vídeo gravado pelo próprio parlamentar, uma reformulação do Poder Judiciário, que incluiria o fechamento do Supremo e a criação de uma corte institucional. O ministro Luís Roberto Barroso também foi alvo de críticas do petista na ocasião.
Neste ano, o ex-ministro José Dirceu, figura do alto escalão do PT, foi outro que fez críticas diretas ao modo como o STF conduziu os processos da Lava Jato e chamou o ministro Luiz Fux de “charlatão”. Por isso, nas palavras de Dirceu, “deveria tirar todos os poderes do STF”.
Em 2016, após ter sido grampeado pela Polícia Federal em conversa com Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula afirmou que “nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um Parlamento totalmente acovardado”.
Para o cientista político Eduardo Grin, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), quaisquer falas que confrontam órgãos importantes na manutenção da democracia devem ser reprovadas.
“Qualquer manifestação contrária ao funcionamento das instituições democráticas, ela é condenável. É condenável tanto aquela feita pelo filho do presidenciável Jair Bolsonaro, como é condenável outras manifestações, sobretudo a do deputado Wadih Damous quando não concedeu o Habeas Corpus ao presidente Lula.”
O cientista político David Fleischer, da Unversidade de Brasília (UnB), tem opinião semelhante. Ele ressalta, no entanto, que por desempenhar papel de protagonista nessas eleições, a declaração de Eduardo Bolsonaro tende, naturalmente, a ter maior repercussão.
“Eduardo Bolsonaro é filho do presidenciável Jair Bolsonaro, que está liderando as pesquisas. Ele foi eleito com grande votação para deputado federal em São Paulo, talvez a maior votação na história do país. Então, esses recentes fatos dão muito mais ênfase e destaque para a fala dele.”
Após a polêmica, Eduardo Bolsonaro se retratou em sua conta pessoal no Twitter. O deputado se desculpou “caso tenha atingido alguém” e classificou a viralização do vídeo como uma “forçação de barra” para atingir o pai, que disputa o segundo turno das eleições com Fernando Haddad (PT).
Reportagem, Raphael Costa
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