Cuidados com o colesterol alto devem começar na infância, alertam pediatras e endocrinologistas
Para celebrar o Dia Nacional de Combate ao Colesterol, em 8 de agosto, o Departamento Científico de Endocrinologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), em parceria com o Departamento de Dislipidemia e Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), preparou material ilustrativo (folder e vídeo) voltado aos pais e pediatras para esclarecer dúvidas sobre o tema.
Na infância, a principal causa de colesterol alto se deve a uma alimentação rica em gorduras, ao excesso de peso e ao sedentarismo. Entretanto, algumas crianças e adolescentes terão colesterol alto mesmo seguindo uma dieta saudável. Para os especialistas, considerando ser primordial para o funcionamento do corpo humano, é importante ter os níveis do colesterol sob controle.
EXCESSO – “Quando os níveis do colesterol estão altos no sangue, e sob determinadas condições (tais como diabetes, hipertensão, fumo e obesidade), o seu excesso pode ser perigoso e causar depósitos nas paredes das artérias, o que leva à aterosclerose. Esse processo pode começar desde a infância. Quando não controlado, pode levar a temíveis complicações, como o infarto do miocárdio e o AVC”, explica o presidente do DC de Endocrinologia da SBP, dr. Crésio Dantas Alves.
Cerca de 70% do colesterol no sangue vem do fígado e apenas 30% vêm da alimentação. Depois de passar pela circulação, o colesterol precisa ser removido novamente pelo fígado para formar bile. Os níveis de colesterol no sangue dependem, portanto, principalmente da capacidade do fígado em removê-lo. Isso varia de pessoa para pessoa.
DOSAGEM – Atualmente, consensos nacionais e internacionais sugerem que a primeira dosagem de colesterol na infância seja feita, em toda a criança, entre nove e 11 anos. Crianças obesas, com idade entre dois e oito anos, com diagnóstico de diabetes ou que tenham histórico de doença cardíaca ou colesterol alto, devem ter os níveis de colesterol dosados.
O presidente do DC explica que “se o LDL-colesterol da criança, ou seja, a fração ruim do colesterol no sangue, estiver acima de 130mg/dl, os pais deverão procurar um pediatra ou endocrinologista para que possam avaliar seu filho”. Dr. Crésio ressalta que a infância e a adolescência são fases importantes na prevenção de doenças do coração e que os hábitos de vida formados nesta fase são fundamentais para a qualidade de vida do adulto.
FATORES DE RISCO – Ser sedentário e ter uma alimentação pouco saudável não são os únicos fatores que aumentam os riscos do colesterol alto na infância. Eles também incluem histórico familiar e outras condições de saúde, tais como diabetes, doença renal, artrite idiopática juvenil, obesidade e pressão alta.
Dr. Crésio diz que é importante a pessoa saber se tem colesterol alto por histórico familiar ou alimentação inadequada. “O colesterol familiar é o vilão maior, porque começa na infância e pode causar infarto precoce nas pessoas. É a chamada hipercolesterolemia familiar ou HF. Nestes casos, fazer dieta não é suficiente e devem ser utilizadas medicações seguras para controlar o colesterol e prevenir doença do coração no futuro”, observa.
Ele destaca ainda que o estilo de vida é muito importante na redução do risco de infarto e AVC. Assim, evitar o sedentarismo, comer alimentos com gordura saturada e fumar são medidas importantes a serem seguidas. “Crianças devem evitar o consumo de biscoitos recheados, bolo, chocolate, sorvete, hambúrguer, batata frita, refrigerante, frituras e alimentos ultraprocessados em geral, além de evitar o uso de telas (TV, videogame, celular) acima do tempo recomendado pela SBP e a Academia Americana de Pediatria (AAP). É preciso dar preferência ao consumo de verduras, legumes e frutas, peixe e frango, leite, queijo branco e brincadeiras ao ar livre, corridas e a prática de esportes”, orienta.
Em sua avaliação, a prevenção do colesterol alto deve ser para a vida toda e visa reduzir o risco cardiovascular. O controle pode ser feito por medidas de estilo de vida ou medicamentos. “O controle do colesterol pode ser feito com estatinas e reduzir o risco de mortalidade. A cada 40mg/dL de colesterol LDL reduzido, a mortalidade por infarto se reduz em 20%”, finaliza dr. Crésio.