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O sobrevivente – tenente japonês fica 30 anos na selva esperando o fim da guerra

 

A última ordem que o segundo-tenente Hiro Onoda recebeu do seu superior, em 1945 durante a Segunda Guerra, foi simples e direta: “Permaneça em seu posto”. Ela a cumpriu, na companhia de três soldados, Até ser encontrado pelo estudante japonês Nirio Suzuki na Ilha Lubang, nas Filipinas, em 1974.

Durante 29 anos, a despeito de folhetos anunciando o fim da guerra, Onoda continuou acreditando que o imperador do Japão era uma divindade e, por isso, não se renderia. Ele e seus homens se alimentavam de coco e banana e por vezes matavam gado ne fazendeiros da ilha.

O tenente, militar da inteligência, usava táticas de guerrilha e acreditava ter matado ao menos 30 pessoas depois di fim da guerra. Quando foi resgatado, usava seu uniforme, conservado ainda que em frangalhos, e seu rifle. Ao se encontrar com o presidente filipino Ferdinando Marcos (a arma foi devolvida a ele mais tarde).

O comportamento de militares como Onoda se explica pela rígida formação e respeito á hierarquia. Há centenas de casos de “irredutíveis” encontrados em ilhas do Pacífico nos primeiros dez anos que se seguiram ao fim do conflito. Os últimos foram encontrados em 1980, ainda existiam relatos de japoneses perdidos nos anos 2000. Em 1989, na Tailândia, dois soldados foram descobertos. Mas eles sabiam do fim da guerra, apenas decidiram não voltar para casa.

Onoda foi recebido como heróis em seu retorno ao Japão. Quando saiu, o país era um território sagrado da tradição. Ao retornar, encontrou arranha-céus pintados com neon, onde tocou uma fazenda de gado e se tornou cidadão honorário. O segundo-tenente Onoda morreu aos 91 anos, em sua terra natal, no começo do ano.

A rendição de Onoda 

Em 1972, usando táticas de guerrilha, o segundo-tenente Hirro Onoda e o soldado Kinshichi Kozuda incendiaram uma plantação de arroz. Kozuda, o último companheiro de Onoda, foi morto na ação por forças policiais Filipinas. O estudante Norio Suzuki, um globe-trotter aos anos 60, ao ler sobre a morte do soldado, resolveu partir em busca do tenente em Lubang. “Vou atrás de Onoda, de um panda e do abominável homem das neves, nessa ordem”, disse aos amigos. O militar fora dado como morto em 1959.

Onoda era uma troféu valioso e dezenas de pesquisadores estavam em seu encalço. Suzuki deixou um bilhete em uma árvore, dizendo que seu comandante havia ordenado que se rendesse. A busca durou apenas quatro dias. O tenente surgiu armado, mas o estudante foi rápido: “Onoda-san, o imperador e o povo do Japão estão preocupados com o Senhor”. Agradecido, o militar disse que não poderia deixar seu posto, pois tinha recebido uma ordem direta.

As negociações se arrastaram, até que Onoda concordou em esperar pela volta de Suzuki com seu antigo comandante, o major Yoshimi Taniguchi – um homem velho que trabalhava em uma livraria. Um mês depois, o estudante retornou na companhia do major e de uma delegação oficial japonesa. Com seu rifle, 500 balas de munição e um bom número de granadas, o segundo-tenente Hiro Onoda se rendeu ao governo filipino. Sua guerra acabou ali.

 

// Colaboração do texto Humberto Varela