A pandemia foi o motor do maior retrocesso nas vacinações registrado em três décadas, no mundo.
No ano passado, a cobertura global de imunização continuou a cair atingindo 25 milhões de crianças que não receberam vacinas essenciais.
Sarampo, poliomielite e imunidade de rebanho
Desde 2019, a proporção de crianças que completaram as três doses contra difteria, tétano e coqueluche, em todo o globo, caiu cinco pontos, para 81%.
As taxas de imunização contra o sarampo estão no mesmo nível, e se ligam a uma queda significativa na cobertura da poliomielite.
O mínimo necessário é uma taxa de cobertura vacinal de 94% para a imunidade do rebanho, para que seja interrompida a cadeia de transmissão de uma doença.
Brasil e Moçambique
Dos países de língua portuguesa, Angola Brasil aparecem na lista dos 10 países mais afetados pela situação concentrando mais de 60% do total de perdas de imunização.
No Brasil, cerca de 26% das crianças não receberam vacinas, no ano passado, em comparação com 13% em 2018.
Em todo o mundo, subiu de 13 milhões para 18 milhões o número de menores que não receberam uma única dose das vacinas básicas em 2019.
Moçambique, ao lado do Mianmar, destaca-se entre nações com aumento relativo no número de crianças sem uma dose sequer no biênio analisado.
Investimento na imunização e disponibilidade do serviço
A Organização Mundial da Saúde, OMS, e o Fundo da ONU para a Infância, Unicef, apontam que a Covid-19 foi um dos principais fatores e desviou a atenção e o investimento na imunização.
A desinformação e problemas relacionados à pandemia, como interrupções de serviços e cadeia de suprimentos, juntaram-se a questões como remanejamento de financiamento de esforços de resposta e medidas de contenção que limitavam o acesso e a disponibilidade do serviço de imunização.
Um fator chave para o declínio foi o número crescente de crianças vivendo em ambientes de conflito e frágeis.
As maiores perdas de vacinas os últimos dois anos ocorreram em países como Índia, Nigéria, Indonésia, Etiópia e Filipinas.
Alerta vermelho
Os dados refletem a maior queda de vacinações infantis ocorrida em aproximadamente 30 anos, segundo a OMS e o Unicef.
Para a diretora executiva do Unicef, Catherine Russell, este é um alerta vermelho para a saúde infantil.
Ela destacou que o mundo está vivendo a maior queda sustentada na imunização infantil em uma geração e que os efeitos da situação “serão medidos em vidas”.
A queda na cobertura vacinal destaca o número crescente de crianças em risco de doenças devastadoras, mas evitáveis.
// ONU News