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Na era do 5G, capitais do Nordeste ainda têm pouco acesso a celulares 4G, mostra ranking

A rede 5G chegou ao Brasil em 2022 e tem sido difundida gradualmente até o momento. No dia 6 de junho de 2022, o Ministério das Comunicações anunciou que todas as capitais brasileiras haviam finalmente implantado a nova tecnologia — faltando ainda municípios menores.

Enquanto isso, o 4G, que cobre 97% da população, ainda não está disponível em celulares das principais cidades nordestinas. As nove capitais dos estados que compõem o Nordeste estão entre as 50 cidades com menor acesso de telefonia móvel de quarta geração no Brasil.

Em contrapartida, nenhuma capital brasileira está entre os 50 municípios com mais aparelhos que acessam o 4G. O indicador é liderado por três cidades de Santa Catarina: Navegantes, Camboriú e Balneário Camboriú.

Os dados são do Ranking de Competitividade dos Municípios de 2023, feito pelo Centro de Liderança Política (CLP), em parceria com a Gove e a Seall. O estudo foi antecipado com exclusividade para a CNN nesta quarta-feira (23).

A pesquisa avaliou 410 cidades brasileiras — a exata quantidade de municípios com população acima de 80 mil habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) atualizados em 2022.

O indicador de acesso ao 4G se refere à quantidade de celulares com capacidade de utilizar a rede 4G dentro do número geral de telefones móveis ativos na cidade.

Ainda não há índices relativos ao 5G no ranking do CLP, por conta da chegada recente da nova tecnologia no Brasil. Segundo os pesquisadores, os dados disponíveis não são confiáveis, mas informações do 5G em municípios devem entram nas próximas edições do Ranking de Competitividade.

De forma geral, as cidades do Nordeste são maioria nas posições mais baixas do ranking. Dos 100 municípios que têm menos celulares com acesso ao 4G, 58 são nordestinos. Outros 18 são do Sudeste, 10 do Norte, oito do Sul e seis do Centro-Oeste.

No topo da lista, entre as 100 cidades que têm mais dispositivos com acesso ao 4G, 55 são do Sudeste. Outras 25 são do Sul; 15 do Centro-Oeste e quatro do Norte. Há apenas um município do Nordeste entre os 100 primeiros: Luís Eduardo Magalhães (BA) em 61º posição.

Como anda a implantação do 4G e do 5G?

Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) informou que, até o momento, a implantação do 4G no Brasil ainda não terminou, com 93% da população brasileira contando com a cobertura.

Assim como o 5G e o 3G, a ativação da rede ocorre de forma gradual, das cidades de fácil acesso até as mais distantes, como vilarejos e povoados remotos, de difícil acesso.

Por este motivo, explica o superintendente executivo da Anatel, Abraão Balbino, a implantação no Norte e no Nordeste pode ser até quatro vezes mais cara que em outras regiões, principalmente no Amazonas.

“A implantação do 5G é longa, como o 4G tem sido. A ativação só vai ser 100% completa em 2029. Mas, basicamente, a maior parte da população brasileira já tem cobertura, cerca de 53% da população. Nós vamos alcançar um nível de 80% da população brasileira mais ou menos em 2025”, afirma Balbino.

“Isso é uma estimativa da Anatel, pode ser que ocorra mais rapidamente”, esclarece o superintendente, já que o 3G e o 4G foram tiveram implantação mais rápida que a expectativa da agência.

Outra questão que faz com que a cobertura do 5G avance aos poucos é a existência de interferências na frequência do sinal — a faixa de 3,5 GHz. A Anatel explica que está coordenando a limpeza e liberando o sinal constantemente.

“É um processo. Inclusive, a própria adoção da tecnologia depende do lançamento de novos aparelhos e da troca do dispositivo, que gradativamente vai acontecendo porque as pessoas vão comprando aparelhos mais modernos”, completa Balbino.

E qual a importância do 5G?

Para o consumidor comum, que tem à disposição a rede 5G no celular, o benefício se resume a uma internet mais rápida do que o 4G. A velocidade do 5G pode ser até 100 vezes maior do que o 4G. Já em níveis mais complexos, a quinta geração da tecnologia impacta em grande escala a inovação e a economia brasileira.

“O 5G permite muitas mudanças não para o uso do celular da forma tradicional, mas o que a gente chama de novos modelos de negócio, principalmente para a indústria e para o meio corporativo”, explica o superintendente executivo da Anatel.

Algumas funcionalidades do 5G possibilitam, por exemplo, a realização de cirurgias à distância e o controle de máquinas no campo de forma remota.

O então Ministério da Economia, no ano passado, contabilizou que o uso do 5G pode movimentar R$ 590 bilhões por ano no Brasil. Para empresas, multinacionais e startups, o impacto pode chegar a R$ 101 bilhões até 2031.

Sobre o ranking

O Ranking de Competitividade dos Municípios de 2023 avaliou 410 cidades brasileiras — a exata quantidade de municípios com população acima de 80 mil habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística atualizados em 2022.

O diretor-presidente do CLP, Tadeu Barros, explica que a competitividade como um indicador de bem-estar social. Ou seja, um município competitivo “é aquele que atende o cidadão da melhor forma possível, em que o cidadão tenha a melhor qualidade de vida possível”.

A instituição entende que os dados devem contribuir com uma gestão pública dos municípios baseada em evidências concretas. “É acabar com o ‘achismo’ e passar o olhar para indicadores e para performance. É para olhar exatamente para o que está acontecendo”, afirma Tadeu Barros.

Com o diagnóstico e a comparação entre as cidades, o levantamento proporciona que os municípios que se destacarem sirvam de inspiração e de aprendizado para outros.

“Por outro lado, a população ainda tem uma baixa educação cívica. O papel do CLP é de educar a população para ela enxergar e ver a performance de seu gestor, para, no momento do voto, ser mais consciente e entender o que está sendo entregue”, completa.

Para o levantamento, o CLP utilizou 65 indicadores de áreas que são consideradas fundamentais para a competitividade municipal. São analisados, por exemplo, a taxa de matrícula no ensino básico, o tempo para abertura de empresa e a velocidade de desmatamento ilegal.

Esses dados foram retirados de cerca de 35 bancos de dados públicos. Para não haver desigualdade nas análises, todos os índices escolhidos costumam ser apresentados ou contam com a obrigatoriedade de divulgação de pelas prefeituras.

//CNN Brasil