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“Crise climática também é uma crise de saúde”, afirma chefe da OMS

Na COP28, defensores da saúde realçaram a urgência da discussão climática no setor. O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, lamentou a ausência de diálogos em 27 COPs, ressaltando a necessidade de integração com políticas climáticas

Este primeiro “Dia da Saúde” possui diversos eventos, incluindo parcerias público-privadas para ação climática na saúde e desbloqueio de compromissos financeiros e políticos relevantes.

Saúde pública e clima

Ministros da saúde, meio ambiente e finanças fizeram anúncios e discursos ao lado de figuras notáveis como Bill Gates e o enviado climático dos EUA, John Kerry, para estabelecer um roteiro de ações   lidar com o impacto das mudanças climáticas na saúde humana.

Mundialmente, considerando apenas alguns indicadores de saúde, a OMS prevê um aumento de 250 mil mortes por ano nas próximas décadas devido às mudanças climáticas.

O planeta tem registrado temperaturas médias mais altas a cada ano, com 2023 prestes a ser o ano mais quente já registrado. Incêndios florestais tornaram o ar perigoso em algumas regiões, enquanto em outras, as inundações ameaçam contaminar regularmente a água potável.

Cada vez mais pessoas estão sendo afetadas por desastres, doenças sensíveis ao clima e outras condições de saúde. A mudança climática agrava algumas ameaças à saúde existentes e cria novos desafios de saúde pública. 

Assim, o chefe da OMS avalia que era mais do que necessário que as discussões sobre saúde ambiental, elevação do nível do mar e derretimento de geleiras fossem estendidas para abranger os impactos diretos desses choques climáticos na saúde humana.

Impactos agravantes

A mudança climática está contribuindo diretamente para emergências humanitárias causadas por ondas de calor, incêndios florestais, inundações, tempestades tropicais e furacões. Esses choques climáticos e similares estão aumentando em escala, frequência e intensidade.

Mais de 3 bilhões de pessoas já vivem em áreas altamente suscetíveis às mudanças climáticas, segundo a agência de saúde da ONU.

Entre 2030 e 2050, espera-se que a mudança climática cause dezenas de milhares de mortes adicionais por ano – apenas por subnutrição, malária, diarreia e estresse térmico.

Esses impactos na saúde e na vida cotidiana estão sendo sentidos em todo o mundo, e as comunidades indígenas frequentemente sofrem mais.

Respeito a comunidades

A ONU News falou com um representante de uma organização juvenil brasileira chamada Engajamundo, um grupo liderado por jovens focado em enfrentar desafios sociais e ambientais.

Reudji Kaiabi pertence ao povo Kaiabi yudja, que vive na Aldeia Pequizal, região do Xingu, Mato Grosso, no Brasil, que contém três ecossistemas principais: o Cerrado, o Pantanal e a Floresta Amazônica.

“Embora nossa comunidade esteja cercada por florestas, as mudanças têm nos afetado muito. Estamos enfrentando muitas ondas de calor, nossas plantações estão morrendo, a comunidade está sofrendo. O rio começou a secar, os peixes estão morrendo, e os animais não conseguem mais viver”, disse ele, pintando um quadro de como a mudança climática está impactando sua terra natal.

“Esta é a minha primeira vez na COP e minha intenção, como jovem indígena, é não apenas ver mudanças em meu território, mas no mundo inteiro. Pedimos para ser ouvidos, respeitados e levados em conta na tomada de decisões”, afirmou.

Resiliência aos impactos climáticos

Ao fazer suas observações na reunião ministerial, Tedros destacou vários elementos cruciais para construir respostas eficazes para enfrentar o desafio da saúde e do clima.

Ele destacou que os líderes devem entender que é fundamental focar na interseção entre a saúde e os impactos climáticos, para que a saúde possa ser integrada às políticas climáticas.

O envolvimento com as comunidades é igualmente importante, incluindo comunidades marginalizadas e vulneráveis, que frequentemente estão na vanguarda do desafio climático.

Tedros ressaltou a vitalidade da cooperação entre países, aprendendo com exemplos bem-sucedidos de outros países e implementando-os nos contextos locais. O caminho a seguir está claro: “Não precisamos reinventar a roda”, enfatizou.

//OMS (Organização Mundial da Saúde)