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Filme inédito sobre a vida de Frans Krajcberg será lançado em SSA, Mucuri, Nova Viçosa e SP

 

Nesta semana, a pousada Cheiro de Mar fará a estreia do filme de FRans Krajcberg, no município de Mucuri para acompanhar as estreias que acontecerão em Salvador, Nova Viçosa e São Paulo.

Em Mucuri será no próximo dia 16/06, na quinta-feira, as 19 horas. Venha e traga a família.

‘Bom dia, Krajcberg!’ A frase – dita tantas vezes pela jornalista e produtora cultural Renata Rocha e por todos aqueles que tiveram o privilégio de conviver com o multifacetado artista/ativista ambiental Frans Krajcberg – virou título de filme. O documentário, com exibição de estreia marcada para o início do segundo semestre, é uma produção independente que não contou com patrocínio, montado pela própria diretora que pretende revisitar a montagem traz registros inéditos dos últimos nove anos de vida do escultor, pintor, gravador e fotógrafo polonês naturalizado brasileiro, falecido em 2017, aos 96 anos.

Com direção assinada por Renata Rocha, que é também biógrafa oficial do artista, e pelo próprio Krajcberg, o documentário com 1h 25min de duração é fruto da seleção de um imenso acervo de gravações feitas pela dupla no Sítio Natura, em Nova Viçosa, local para o qual o Frans se mudou em 1972 e permaneceu até o final da vida. Gravadas entre 2008 e 2017, as imagens – que contam com áudios originais e trazem ensinamentos do artista sobre a exploração de elementos da natureza – foram registradas durante as expedições diárias que fazia ao lado de Renata, companheira e aprendiz com quem conviveu até os últimos momentos.

“O momento é providencial. É importante que todos saibam o que aconteceu com Krajcberg no final da vida e como seu maior temor está se refletindo na gestão do seu acervo, ou melhor, na ausência de gestão. Para isso não tive tempo de captar recursos para dar um tratamento mais profissional a estas imagens. Mas o filme traduz o sentimento do artista”.

 

Amor pela natureza

A diretora lembra como Krajcberg conseguia registros inéditos e incríveis, ainda que passeando, todos os dias, pelos mesmos lugares. “Diariamente, Krajcberg saía pela mata, em busca de inspiração e de novos elementos para suas obras. Ele tirava cerca de 600 fotos a cada passeio, sem que uma nunca fosse igual à outra. Aos olhos do homem comum, troncos retorcidos, flores, folhas e outros recursos podem passar despercebidos, mas Krajcberg tinha um olhar que iluminava qualquer coisa”, fala encantada.

Além do reconhecimento como escultor, registros feitos pelo polonês com alma brasileira estamparam as páginas de diversas publicações. “A convivência e cumplicidade com alguém como ele foram incríveis e únicas oportunidades para conhecer a natureza de uma maneira sensorial e não só a propriamente dita, mas também a natureza humana”, confessa a documentarista.

Aclamado mundo afora pelo ativismo ecológico, que associou arte e defesa do meio ambiente, e importante figura no panorama da arte brasileira, Krajcberg recolhia o que o fogo deixou, principalmente troncos e raízes, e transformava esses materiais em esculturas, representando sua luta pessoal contra o que chamava de barbárie do homem contra o homem e da humanidade contra a natureza. Renata relembra uma fala dita por Frans inúmeras vezes: “Está vendo esta escultura criada com restos mortais da natureza? Um dia foi uma bela árvore. A minha obra é uma maneira de mostrar que a natureza grita por socorro”.

 

Intimidade do artista

Os detalhes do cotidiano não se limitarão às longas caminhadas feitas por Krajcberg e Renata. O filme também vai trazer detalhes da casa que o artista viveu por tantos anos, bem como particularidades da intimidade, com cenas, inclusive, que o mostram dormindo, tocando obras, orientando a equipe que com ele trabalhava, os animais de estimação (da floresta dele), comidas favoritas e todos os pormenores que faziam parte dos compromissos do dia.

Também está entre os trechos do filme, bastidores da doação que o artista fez do próprio acervo ao Governo da Bahia, em 2009, com o objetivo de garantir a preservação de sua obra. Composta por mais de 50 mil itens, a coleção inclui esculturas, relevos, desenhos, fotografias e pinturas. As cenas também trazem uma visita feita pelo então secretário da Cultura do Estado da Bahia, o saudoso Jorge Portugal, a Krajcberg, no Sítio Natura.

Renata esclarece que o título ‘Bom dia, Krajcberg!’ é também uma forma de honrar essa doação e deixar clara toda a indignação de Frans pelo fato de a promessa de construir o museu, feita pela administração estadual baiana, nunca ter saído do papel. “Muitas vezes, Frans comentava comigo: ‘Esse governo nem bom dia me dá’. Portanto, trazer esse episódio da vida dele para o filme é, ainda, um ato de justiça”, decretou.

Lançamento

O encontro dos admiradores do artista com a telinha já tem data marcada em Junho de 2022 em três espaços, na Saladearte do Museu no corredor da Vitória em Salvador, dia 09 de Junho, as 19h em Nova Viçosa, na Pousada Cheiro de Mar dia 16 e no Museu da Imagem e do Som, na Av. Europa, em São Paulo que fará a exibição de ‘Bom dia, Krajcberg!’ no dia 21, às19h.

Este é o segundo filme assinado por Renata Rocha sobre o artista. A jornalista baiana também é o nome por trás da direção do documentário ‘O Grito Krajcberg’, que mostra a trajetória do polonês radicado na Bahia e foi narrado pela cantora Maria Bethânia.

 

// FM News e Reprodução